CGE-MT dissemina conhecimento do Modelo de Capacidade de Auditoria Interna

A ideia foi alinhar, entre os auditores da CGE, o entendimento sobre o conceito, os objetivos e a estrutura do referencial de atuação - Ligiani Silveira | CGE-MT

Auditores da Controladoria Geral do Estado (CGE-MT) aprimoraram, na última semana, os conhecimentos sobre o Modelo de Capacidade de Auditoria Interna (IA-CM). A apresentação foi conduzida por auditores do grupo de trabalho instituído em 2022 para autoavaliar a aplicação do modelo pela CGE-MT. A ideia foi alinhar o entendimento sobre o conceito, os objetivos e a estrutura do referencial de atuação.

O IA-CM é um modelo universal de práticas internacionalmente reconhecidas de auditoria interna. É uma estrutura de avaliação e um roteiro para melhoria ordenada da atividade de auditoria interna. “O IA-CM não é um invencionismo. Avalia o quanto as unidades de auditoria interna estão aderentes aos padrões convecionados para o setor”, explicou o auditor Marcelo Soares.

Um dos princípios da metodologia é considerar a auditoria interna como estrutura de governança, ou seja, como mecanismo de liderança, estratégia e controle para avaliar, direcionar e monitorar se as ações da gestão pública estão voltadas aos interesses da sociedade.

“Governança é tudo o que você faz para resolver o conflito de agência, ou seja, o eventual conflito de interesses entre gestores públicos, servidores públicos, empresas contratadas pela administração pública e sociedade, principal dentro do setor do público. Toda a gestão deve estar aderente ao que a sociedade espera”, salientou o auditor.
O modelo é estruturado em 5 níveis de maturidade, 6 elementos de auditoria e 41 macroprocessos (KPA – key process areas) vinculados a esses níveis e elementos. Cada macroprocesso possui um objetivo específico e identifica as atividades essenciais que devem ser colocadas em prática e institucionalizadas.

Deve haver compatibilidade entre teoria e prática, entre as normas existentes e a execução das regras em serviços e papel da auditoria interna, gerenciamento de pessoas, práticas profissionais, gestão de desempenho, cultura e relacionamento organizacional e estruturas de governança.

“A institucionalização do KPA se dá pelo domínio da atividade e sua incorporação à cultura da auditoria interna, tornando o KPA sustentável e repetível. Só está institucionalizado o macroprocesso que fizer parte da cultura organizacional.  Não basta saber, por exemplo, que é preciso ter papeis de trabalho organizados. É preciso executar de fato as normas e regulamentos”, ponderou o auditor Marcelo Soares.

Autoavaliação

Outro momento da apresentação foi o resultado da autoavaliação realizada em 2022 na CGE-MT com base no modelo IA-CM. No trabalho, foi analisada a aderência da CGE-MT ao nível 2 do modelo, já que o nível 1 está superado na CGE.

O nível 2 é caracterizado por práticas e procedimentos de auditoria sustentáveis e repetíveis. Na CGE,  71,2% das atividades essenciais dos 10 macroprocessos do nível 2 estão institucionalizados, segundo o levantamento do grupo de trabalho.

Na análise, a equipe verificou, por meio da coleta de evidências, a existência e a institucionalização das atividades essenciais. Para as 28,8% das atividades do nível 2 pendentes de institucionalização, a comissão propôs plano de ação para sua efetivação.

A proposta tem 42 ações. “Foi elaborado um plano de ação necessário para que a CGE cumpra o nível 2, para os KPAs que não estão cumpridos. Entre as ações estão produtos que precisam ser criados e modificados, mas a decisão será da gestão se vai acatar todas as atividades sugeridas”, destacou o auditor Rogério Estrabis.

De qualquer forma, a execução das ações vai depender do envolvimento de todos os servidores. “É uma mudança estrutural. Para conseguirmos avançar enquanto instituição, não adianta um ou outro fazer. Vamos precisar do esforço coletivo”, pontuou o auditor Marcelo Soares.

Para que a organização avance de estágio no modelo, é preciso que todos os KPAs do nível estejam institucionalizados, ou seja, que as ativiades essenciais de auditoria sejam realizadas da mesma forma por todos os auditores. “A lógica é que um processo ou prática não pode ser melhorado se não puder ser repetido”, reforçou o auditor Marcelo Soares.

A realização da nova autoavaliação pela CGE-MT contribuirá para o alcance do objetivo estabelecido pelo Banco Mundial, como requisito para autorização de financiamentos ao Governo do Estado de Mato Grosso, de o órgão central de controle interno do Poder Executivo alcançar o nível 3 do IA-CM até junho de 2024.

Histórico

Em 2004, a Controladoria Geral da União (CGU) defendeu a necessidade de desenvolvimento de um modelo universal de capacidade de auditoria interna para o setor público no Brasil, a fim de estabelecer padrão de atuação de acordo com as normas internacionais e agregar valor à gestão pública.

O modelo IA-CM foi desenvolvido entre 2006 e 2008 por mais de 50 profissionais de 20 países e validado por mais de 300 auditores internos de 30 países. A metodologia foi publicada em 2009 e atualizada em 2017.

Em 2014, o modelo foi recomendado aos membros do Conselho Nacional de Controle Interno (Conaci) como a melhor ferramenta estratégica para a auditoria interna no serviço público.

No ano seguinte, a CGE-MT foi uma das três (3) Controladorias-Gerais de Estado a participarem do piloto para implementação da metodologia e realização de autoavaliação com base no IA-CM.

Em 2019, a partir de treinamento realizado pelo Banco Mundial para mais de 20 órgãos centrais de controle interno do Brasil sobre a metodologia, a CGE-MT foi uma das cinco (5) controladorias selecionadas para promover a autoavaliação.

Em 2022, voluntariamente, a CGE-MT se habilitou à nova autoavaliação no contexto dos estudos da câmara técnica formada no Conaci sobre o IA-CM. Foi a terceira autoavaliação da CGE-MT com base na aplicação do modelo. As outras análises foram realizadas nos anos de 2015/2016 e 2019/2020.